As precipitações de fevereiro e março de 2013 foram 43% inferiores a igual período do ano passado
Fortaleza. "O nordestino é antes de tudo um forte". A mais famosa das frases de Euclides da Cunha está sendo colocada à prova mais uma vez aqui no Ceará. Passada exatamente a metade da quadra chuvosa de 2013, as chuvas ficaram bem abaixo do registrado no ano passado, que já entrou para história como um de mais baixos índices pluviométricos do Estado. Mesmo assim, outra grande virtude do povo do Nordeste também volta a ser testada: a esperança.
Ausência de precipitações põe á prova a esperança dos cearenses.
De acordo com a Fundação Cearense de Metereologia e Recursos Hídricos (Funceme), a média de chuvas neste ano, do dia 1º de fevereiro até o dia 31 de março, foi de 152,5 milímetros. O resultado foi 60,2% abaixo da média histórica para o intervalo, que é de 383,2mm.
Em 2012, em similar período, tinha chovido 270,9mm, ou seja, 29,3% a menos do que a média para o intervalo. O resultado apurado nos postos de coleta da Funceme espalhados por todo o território cearense é um baque para autenticar até onde vão a fé e a esperança do cearense por dias melhores.
Pior que 2012
Nos dois primeiros meses da quadra chuvosa deste ano em relação a fevereiro e março de 2012, as precipitações foram 43,5% inferiores. Na análise de cada mês isoladamente percebe-se bem o resultado negativo desta metade da quadra chuvosa em relação a similar interregno de 2012. Em fevereiro deste ano, a média pluviométrica foi de 69,1mm contra 156,7mm de igual mês do ano passado.
Na comparação de março, a Funceme registrou 83,4 mm em 2013 ante 114,3 mm de 2012. O órgão informa que ainda restam algumas informações relativas a março, porém que não deve alterar muito o quadro já catalogado. "Essa ausência de chuvas está totalmente ligada às condições de temperatura do Oceano Atlântico, que estão desfavoráveis a chuvas desde o início do período chuvoso", comenta a assessoria de imprensa do órgão.
Nos três mais recentes boletins, a Funceme manteve o prognóstico de maior probabilidade de chuvas abaixo da média histórica no Estado. Em todas as macrorregiões que integram o Estado as precipitações ficaram abaixo da média histórica do mês de março. A região Jaguaribana foi a que mais longe do índice mediano, com média de apenas 56,2mm, ou seja, 74,5% abaixo do normalmente chove em igual período do ano.
Por outro lado, conforme a Funceme, a macrorregião do Litoral de Fortaleza apresentou a maior média no mês com 199,7 mm; seguida pelo Cariri, com 169,9 mm. Contudo, foi a região Sul que mais se aproximou da média história, ficando apenas 26,4% abaixo, enquanto que o litoral da Capital e cidades vizinhas esteve 28,8% abaixo das chuvas normais para março.
Meruoca, na região Norte do Ceará, com 308,2mm, foi o município com maior registro de precipitações em março de 2013. Em seguida, veio Barro (307,4mm). Varjota na macrorregião da Ibiapaba e Abaiara na área do Cariri não registraram um milímetro sequer de precipitações em março. A Funceme não disponibilizou informações sobre chuvas em Uruburetama e Umirim, na macrorregião denominada Litoral do Pecém.
Abaiara
Mesmo com as precipitações registradas na região do Cariri, Abaiara não registrou chuva em março. Segundo o secretário do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, José Uenes Alves, há uma grande preocupação, por conta da pouca quantidade de água acumulada nos reservatórios. As perdas agrícolas já chegam a cerca de 50% na cidade. "Eu sou um desses agricultores que praticamente estará sem safra este ano", diz ele.
Muitos produtores rurais na cidade já chegaram a realizar o replantio, e mesmo assim, com a irregularidade das chuvas, continuam amargando os prejuízos com a estiagem. As maiores chuvas registradas no final de semana foram em Crato e Juazeiro do Norte, com 130 milímetros e 100, respectivamente.
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