Segundo o Iphan, tem sido frequente a descoberta de sítios com
gravuras rupestres na região jaguaribana. Os pesquisadores do Iphan vão
mapear toda a área para estudos FOTO: MATHUSALÉM MAIA
Russas.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
confirmou a existência de sítios arqueológicos em localidades dos
municípios de Jaguaribara e Alto Santo. Em matéria exclusiva publicada
pelo Diário do Nordeste no mês passado, o vereador Mathusalém Maia
denunciou a depredação do local. Segundo o Iphan, duas das três áreas
visitadas não apresentavam danos. O local receberá mapeamento em 2014.
As
áreas ficam distantes de suas sedes, sendo os locais de difícil acesso.
Duas delas estão localizadas nas comunidades de Lagoa Grande e Recanto,
no município de Alto Santo, e Mandacaru, em Jaguaribara. De acordo com o
superintendente do Iphan no Ceará, Ramiro Teles, ele, juntamente com a
arqueóloga Verônica Viana, estiveram nas áreas para realizar os
primeiros levantamentos.
"Foi verificado que realmente se tratava
de sítios com gravuras rupestres. Fizemos o registro fotográfico da
área além do mapeamento por GPS", afirma. Ele justifica que o terceiro
local não foi visitado por conta do difícil acesso à área, mas que será
visitado em uma próxima viagem à região. Teles conta que esse tipo de
sítio (de gravuras) é relativamente recorrente na região do Vale do
Jaguaribe.
"Já se sabe que existe uma analogia entre esse tipo de
sitio com a água, e os locais ficam próximos a cursos d´água e a
lagoas. Os estudos ainda não estão muito avançados neste sentido, mas há
esta relação", explica.
Registro fotográfico
Segundo
ele, há notícias de outros sítios na região, mas que ainda não são
reconhecidas pelo Iphan. A entrevista com Mathusalém informou que os
sítios existem há anos, desde à época de seus avós e que a população
pouco sabia de sua existência. Com a suspeita de depredação do local,
ele realizou, durante três meses, o registro fotográfico das áreas e
levou à sede o Iphan, em Fortaleza, para formalizar a denúncia.
As
ações do Iphan são anuais. Em 2014, o Instituto realizará o mapeamento
geral destes territórios para serem catalogados no Cadastro Nacional dos
Sítios Arqueológicos (CNSA). Mesmo ainda aguardando os trâmites
burocráticos para isto, ele ressalta que estas áreas encontradas em
Jaguaribara e Alto Santo, pertencem ao Patrimônio Histórico Nacional e
qualquer violação dos locais os responsáveis serão punidos na forma da
Lei.
Teles conta que há relatos antigos que dão indícios de
sítios nesta região. "Há, por exemplo, o relato de Padre Francisco
Teles, datado de 1798, onde ele relata que na região havia essas
gravuras. Estamos vendo se há alguma relação entre os relatos e os
sítios encontrados", afirma.
O Iphan no Ceará possui ações
voltadas para a preservação, estudo e socialização de sítios
arqueológicos identificados no território cearense, em especial aqueles
em iminente risco de destruição. Estão em andamento estudos
arqueológicos de um sítio funerário na Serra do Evaristo, em Baturité;
de documentação, mapeamento e catalogação de sítios da arte rupestre nos
municípios de Sobral e Irauçuba. Recentemente foi aprovado, em
Brasília, projeto de pesquisa e divulgação do patrimônio arqueológico de
sítios litorâneos dos municípios de Icapuí, Jijoca de Jericoacoara,
Itapipoca e Itarema.
Nos últimos anos alguns sítios arqueológicos
já foram datados no Estado. Na Praia de Jericoacoara, um acervo do
horizonte cultural designado "Papeba" datou de 1200 anos AP (Antes do
Presente); no município de Mauriti, foi obtida uma datação de 640 anos
AP para uma aldeia ceramista Tupiguarani; no município de Baturité, um
sítio funerário supostamente associado ao horizonte cultural "Aratu" foi
datado de 700 anos AP.
Atualmente no CNSA constam 535 sítios
arqueológicos referentes ao território cearense, dentre sítios
cerâmicos, sítios arqueológicos do período histórico, oficinas líticas e
sítios da arte rupestre pré-histórica.
Licenciamento
O
Instituto emite anualmente cerca de 100 anuências para licenciamento de
empreendimentos impactantes ao Patrimônio Arqueológico no Estado do
Ceará, conforme instruções da Portaria Iphan/MinC 230/2002. O
cumprimento das diretrizes da referida portaria tem como propósito
atender ao disposto na Lei Federal 3924/1961, a "Lei da Arqueologia",
que penaliza a mutilação de acervos do gênero durante a execução de
empreendimentos em geral.
De acordo com Mathusalém, com a
descoberta dos sítios, há o objetivo de preservar e proteger o
patrimônio histórico local das ações destrutivas do homem, como também
estimular o turismo. "Nossa região tem muita riqueza histórica. As
pessoas precisam conhecer mais do local onde vivem e o reconhecimento
dessas áreas é um ganho enorme para a população e para todo o estado",
afirma.
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