Na última sexta-feira, uma força-tarefa de burocratas de Brasília chegou a Brasileia para amenizar o problema
Brasileia (AC).
Passados três anos do terremoto que devastou o país caribenho, 1,3 mil
refugiados haitianos lotam um acampamento, passam horas deitados em
colchões, sobre placas de papelão, à espera de uma autorização para
ingressar oficialmente no território brasileiro. A esse contingente
somaram-se nos últimos dias 69 senegaleses, dois nigerianos e até um
indiano.
Nos últimos 25 dias, pelo menos mil estrangeiros desembarcaram na
cidade acreana de Brasileia e vivem em situação precária.
Vendo que a situação se agravara, o governador do
Acre, Tião Viana (PT), decretou situação de emergência humanitária na
quarta-feira para atrair atenção de órgãos federais de apoio. Assessores
de Viana afirmam que o Itamaraty vem ignorando a situação dos haitianos
e deixando para o Estado a administração do problema migratório.
A
iniciativa do governador deu resultado. Uma força-tarefa da burocracia
federal, composta por diversos ministérios e órgãos federais, baixou em
Brasileia na tarde da última sexta-feira para tentar aliviar a pressão
no município, que possui cerca de 25 mil habitantes.
Enquanto as
autoridades brasileiras se envolvem em uma retórica burocrática, os
imigrantes sofrem com as precárias condições do alojamento de Brasileia.
"Perdemos
o controle da situação", admitiu o secretário de Direitos Humanos do
Acre, Nilson Mourão. Diante do aumento no volume de imigrantes nos
últimos 25 dias, o local que abrigava 250 pessoas recebeu pelo menos
mais mil viajantes.
Só entre quinta e sexta-feira, 50 pessoas
desembarcaram de táxis e ônibus com suas malas e a esperança de carimbar
documentos que lhes permitam viver legalmente no Brasil.
O
principal problema dos estrangeiros é o tempo de demora para a concessão
dos papéis necessários para que oficializem sua condição de refugiados.
A
delegacia da Polícia Federal existente em Epitaciolândia - cidade
vizinha, de 15 mil habitantes - estava preparada para atender 30 pessoas
por dia nos últimos meses.
Com a avalanche de pedidos e o
decreto de emergência, tenta agora acelerar os processos com o reforço
de funcionários da Receita Federal, responsável pela concessão de CPFs. A
promessa é emitir uma centena de documentos e aliviar a pressão em um
mês, permitindo aos imigrantes a obtenção de documentos para a posterior
retirada da carteira de trabalho especial, em Rio Branco. Sem a
documentação, empresas interessadas em contratar os haitianos não
conseguem completar a seleção.
Emprego
"As
companhias chegam para buscar gente mas ainda não temos os documentos
na mão", disse Jonathan Philisten, de 40 anos, que deixou quatro filhos
em Porto Príncipe para se aventurar pelo Brasil. Falando em espanhol, o
haitiano contou que deixou seu país porque queria ir "para qualquer
lugar onde tenha trabalho". Ao lado dele, o cozinheiro Elias Ribas, 24
anos, da República Dominicana, acredita que pode encontrar trabalho para
recomeçar a vida longe da terra natal.
Desvalidos
1,3
mil refugiados haitianos lotam um acampamento em Brasileia, no Acre, à
espera de autorização oficial para ingressar no território brasileiro.
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